jul

31

THEO JANSEN

Simplesmente não dá pra entender como não conhecemos determinadas invenções. Um post despretencioso no IdeaFixa atraiu minha atenção para o trabalho do artista holandês Theo Jansen.

Theo Jansen desenvolve, desde 1990, monstruosas criaturas que, através da energia cinética, se locomovem livremente. As esculturas, inclusive, já são capazes de perceber obstáculos perigosos à sobrevivência, tais como o oceano e grandes tempestades.

Arte, engenharia e tecnologia na veia. E, pesquisando melhor sobre o artista, encontrei um filme super bonito sobre a obra dele. O Strandbeesten é inspirador, assim como a potencialidade da obra do Theo.

E como não poderia deixar faltar, um TED antigão do Theo Jansen e suas criaturas.

Impressionante.

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jul

26

W/

Tão boa a entrevista, que nem precisava dos jornalistas. Passeou por vários temas, explorando muito bem esse mundinho da publicidade. Uma lenda: Washignton Olivetto, no Roda Viva de 18/07/11.

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jul

26

NIHIL

Obra-prima o ensaio da Ilustríssima, na Folha de 24/07/11, sobre a “Apologia da Preguiça”. Faz lembrar o Clube do Nadismo, que propõe uma vida mais repleta de nadismos.

Nós, você e eu, não queremos dormir. Mas estamos acordados?

Apologia da preguiça

O sequestro do nosso tempo pelo trabalho

RESUMO

Em tempos de tecnociência, permanece irrealizada a utopia da libertação do homem pelas máquinas: nunca se trabalhou tanto, e o tempo livre jamais esteve tão fora da pauta. Ora estigmatizado na ordem produtiva, ora exaltado na tradição filosófica, o preguiçoso é hoje o símbolo do tempo livre para o pensamento.

ADAUTO NOVAES

O trabalho deve ser maldito, como ensinam as lendas sobre o paraíso, enquanto a preguiça deve ser o objetivo essencial do homem. Mas foi o inverso que aconteceu. É esta inversão que gostaria de passar a limpo.
Malevitch, “A Preguiça como Verdade Definitiva do Homem”

SABE-SE QUE uma única palavra é suficiente para arruinar reputações e, entre todas, preguiça é uma das mais suspeitas e perigosas. Ao longo dos séculos, foi carregada de significações contraditórias e impressionantes variações.

Dela decorre longo cortejo de acusações bizarras, mas também sabe ser tema de obras de arte, poesia, romance, pinturas, reflexões filosóficas: o preguiçoso é indolente, improdutivo, nostálgico, melancólico, indiferente, distraído, voluptuoso, incompetente, ineficaz, lento, sonolento, silencioso. Preguiça e trabalho guardam um misterioso parentesco, quase simétrico e especular.

Para o preguiçoso, “é preciso ser distraído para viver” (Paul Valéry), afastar-se do mundo sem se perder dele; exatamente por isso, é acusado de não contribuir para o progresso.

Além de praticar crime contra a sociedade do trabalho, o preguiçoso comete pecado capital. Pela lógica do mundo do trabalho e da igreja, ele deve sentir-se culpado, pagar pelo que não faz.

Mais: pensadores como Lafargue, Stevenson, Bertrand Russell, Jerome K. Jerome, Marx e Samuel Johnson apostaram no desenvolvimento técnico como possibilidade de liberação do trabalho. Erraram: na era da tecnociência, nunca se trabalhou tanto e nunca se pensou tão pouco. Assim, o espírito tende a se tornar coisa supérflua.

O QUE FAZER Ao pensar sobre o fazer, o ocioso pode prestar um grande serviço e ajudar a responder à velha questão moral: o que devo fazer? Dependendo da resposta, teremos diferentes definições do que seja o homem, a política, as crenças, o saber, nossa relação com o mundo, e, principalmente, nossa relação com o trabalho. A resposta pode nos dizer não apenas o que fazemos mas também o que o trabalho faz em nós.
Hoje, maravilhosas máquinas “economizam” o trabalho mecânico, mas criam novos problemas: primeiro, uma espécie de intoxicação voluntária, isto é, “mais a máquina nos parece útil, mais ela nos torna incompletos” (Valéry).

A máquina governa quem a devia governar; daí decorre o segundo problema, bem mais complexo: tantas potências auxiliares mecânicas tendem a reduzir “nossas forças de atenção e de capacidade de trabalho mental”, o que se relaciona à impaciência, à rapidez e à volatilidade nunca antes vistas.

Assim escreveu Paul Valéry (1871-1945): “Adeus, trabalhos infinitamente lentos, catedrais de 300 anos cuja construção interminável acomodava curiosas variações e enriquecimentos sucessivos… Adeus, perfeições da linguagem, meditações literárias e buscas que tornavam as obras ao mesmo tempo comparáveis a objetos preciosos e a instrumentos de precisão!

[...] Eis-nos no instante, voltados aos efeitos de choque e contraste, quase obrigados a querer apenas o que ilumina uma excitação de acaso. Buscamos e apreciamos apenas o esboço, os rascunhos. A própria noção de acabamento está quase apagada”.

MONTAIGNE Valéry retoma uma tradição. Lemos em Montaigne (1533-92) que “a alma que não tem um fim estabelecido perde-se. Porque, como se diz, estar em toda parte é não estar em lugar algum”. Aqui, entendemos por alma o “trabalho teórico do espírito”, potência de transformação. O que leva a alma (espírito) a se perder é o trabalho desordenado.
Habitar o próprio eu, comenta Bernard Sève, é o projeto de Montaigne: viver em repouso, longe das agitações do mundo, retirar-se da pressa do mundo “para se conquistar, passar do negotium ao otium”, do negócio ao ócio.

É isso que podemos ler na inscrição que Montaigne mandou pintar nas paredes da sua torre: “No ano de Cristo de 1571, aos 38 anos, vésperas das calendas de março, dia de aniversário de seu nascimento, depois de exercer longamente serviços na Corte (Parlamento de Bordeaux) e nos negócios públicos [...] Michel de Montaigne consagrou este domicílio, este tranquilo lugar vindo de seus ancestrais, à sua própria liberdade, à sua tranquilidade, ao seu ‘loisir’ (otium)”.

Eis que Montaigne recolhe-se ao ócio reflexivo, com um espírito criativo leve e vagabundo. Como escreve Sève, um Montaigne distante das pressões políticas e das injunções do trabalho burocrático, com o espírito já amadurecido, “construído pela vida, espírito prestes ao fecundo exercício de uma ociosidade inteligente e feliz”. Mas interpretemos com cuidado esse afastamento do mundo.

Se a vida teórica aparece mais compensadora, é porque Montaigne não encontrou na vida prática -social e política-, no Parlamento de Bordeaux, aquilo que buscava. À diferença dos comuns, Montaigne não procurava satisfação no reconhecimento social e político. No ócio, preferiu a busca da verdade às coisas da política.

Sua “contemplação” teórica é discursiva, isto é, transforma-se em atos de pensamento e, portanto, em atividade prática. Nascem aí os monumentais “Ensaios”.

FOUCAULT A aliança entre capital, igreja e disciplina militar para regular o trabalho tem história. Em um curso de 1973, ainda não publicado, Michel Foucault (1926-84) narra a institucionalização do trabalho através da “fábrica-caserna-convento” no final do século 19. Ele descreve as regras de uma comunidade fechada de até 400 trabalhadores: acordar às 5h, 50 minutos para toalete e café, trabalho nas oficinas das 6h10 às 20h15, com uma hora para as refeições. À noite, jantar, reza e cama às 21h. Só no sul da França, 40 mil operárias trabalhavam nessas condições.

O trabalhador é fixado no aparelho produtivo, no qual “o tempo da vida está submetido ao tempo da produção”. Vemos nessa experiência uma mudança essencial que nos interessa porque se torna mais aguda e determinante no trabalho hoje: “da fixação local a um sequestro temporal”. Ou melhor, da ideia de controle do espaço no trabalho à ideia de controle do tempo.

O trabalho sequestrou o tempo. Se, no século 19, o controle do tempo era apresentado ao operário como um “aprendizado de qualidades morais” que, na realidade, significava a integração da vida operária ao processo de produção, hoje o controle é aceito com naturalidade, e até mesmo desejado.

O homem se integra voluntariamente “a um tempo que não é mais o da existência, de seus prazeres, de seus desejos e de seu corpo, mas a um tempo que é o da continuidade da produção, do lucro”.
A reivindicação de tempo livre tornou-se quase que palavra de ordem subversiva: “Preciso tanto de nada fazer que não me resta tempo para trabalhar”, conclama Pierre Reverdy, citado no prefácio ao livro de Denis Grozdanovitch “A Difícil Arte de Quase Nada Fazer”.

TRABALHO CEGO A mobilização veloz e incessante do trabalho cego não permite ao homem dizer qual é o seu destino e muito menos o que acontece. Ele não dispõe de tempo para pensar e muito menos tem consciência de que seus gestos, no trabalho, produzem muito mais do que os objetos que fabrica.

Há um excedente invisível, entendendo-se por “excedente” tudo o que não é mensurável, que produz catástrofes através do trabalho “normal e produtivo” e se manifesta na poluição, nos desastres ecológicos, no esquecimento e na desconstrução de si.

Como nos lembra Robert Musil em “O Homem sem Qualidades”, foi preciso muita virtude, engenho e trabalho para tornar possíveis as grandes descobertas científicas e técnicas, graças aos sucessos dos “homens de guerra, caçadores e mercadores”. Tudo isso fundado na disciplina, no senso de organização e na eficácia do trabalho, o que talvez pudesse ser resumido assim: o trabalho mecânico da produção de mercadorias pretende tomar o mundo de assalto, produzindo agitação social e frenesi econômico e consumista, dada a multiplicação de objetos “não naturais e não necessários”.

Já o preguiçoso põe-se na escuta de si e do mundo que o cerca.

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jul

25

826 VALENCIA

Ouso dizer que o projeto que apresento agora está entre as 10 coisas que mais alteraram a minha forma de pensar o mundo. Cheguei até ele através do blog do We Made This, escritório londrino com trabalhos interessantes.

Para dar suporte escolar às crianças de algumas comunidades pelo mundo, um grupo de pessoas criou centros de acompanhamento, no mínimo, inusitados. São espaços de natureza extremamente lúdica, divididos basicamente em 2 áreas. Uma loja de fachada, em que são vendidos produtos dos mais inimagináveis, voltados para piratas, super-heróis, monstros e por aí vai. E um segundo espaço, no fundo da loja, onde, de fato, há o acompanhamento escolar, realizado por voluntários. O número desta iniciativa só vem crescendo e influenciando positivamente o desenvolvimento intelectual dos pequenos.

A história ficou simplificada e reduzida até aqui, então, sugiro a leitura do post original, uma visita à loja virtual do Ministry of Stories – uma das iniciativas – e depois assistir ao TED Talk do Dave Eggers, o criador do projeto.





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jul

20

CALMA

Assisti, faz um tempo, ao curta sobre o trabalho que o Stephan Doitschinoff desenvolveu em Lençóis, na Bahia.

Fiquei tão impressionado que comprei, com prazer, o livro do cara. O Calma, como é conhecido, tem um traço de forte personalidade e uma temática hipnótica e entorpecedora.

Pra quem não viu, se liga pois o filme é chocrível.

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jul

20

“HELLO STRANGER”

Capturar uma sensação de incômodo e desconforto através da fotografia. O fotógrafo Richard Renaldi explora, através deste ensaio, a relação que contruímos com o outro. Honesto e bonito.

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jul

19

A LINGUAGEM DAS COISAS

Melhor leitura de 2010, o livro de Deyan Sudjic, diretor do Design Museum, é um convite a diferentes reflexões. Passeando pela história dos objetos, a narrativa é estruturada em cinco grandes áreas: Linguagem; O design e seus arquétipos; Luxo; Moda; e Arte. Livro indispensável, com uma leitura fluida e agradável.

Na época do lançamento, várias críticas, entrevistas, artigos foram divulgados. Disponibilizo uma seleção interessante, que complementa e aprofunda a discussão.

Começando por uma entrevista dada ao Silio Boccanera, no Programa Milênio, da Globo News, em 12/07/2010.

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jul

18

TIPO ASSIM

Há um tempo foi publicado um post no IDSGN sobre um santuário de tipos e outras alegrias. O Museu do Neon, em Las Vegas, parece mais legal que o d’Orsay!

E depois de ficar matutando sobre o qual legal deve ser visitar o local, acabei me lembrando de dois outros trabalhos – também relacionados com a tipografia – que são dignos de nota.

O primeiro é um curta sobre o trabalho do David A Smith, artista que faz coisas inacreditáveis com o vidro.

E o segundo é o estilão super old school do Jeff Canham.

Nos links, o post completo do IDSGN. Também um set no flickr com as fotos da visita deles e o site do Museu para planejar o tour.

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jul

14

INSIDE OUT

Fiquei felizão pelo JR ter faturado o TED Prize 2011. O cara arregaça e o projeto Inside Out é genial. Ele já esteve no Rio (Morro da Providência) e avacalhou demais por lá. O Inside Out nada mais é do que transferir pro mundo um projeto que ele iniciou. Você tira uma foto, envia pra ele e recebe um cartazão de volta. Aí, meu amigo, a cidade é sua. Se o desejo dele é virar o mundo do avesso, parece que está se realizando. Sem mais delongas, deixa o cara falar.

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jul

14

ROLHA SINTÉTICA NÃO SERVE

Eu falo e ninguém acredita. Rolha sintética, além de tirar todo o ritual inicial do vinho, atrapalha na evolução do sabor. A chamada screw cap, que já encontramos por aí e conheci pela primeira vez num syrah muito bom parece ser a alternativa – com o perdão do trocadilho – mais palatável. Olha que interessante o experimento que o Jorge Lucki participou e relatou hoje, no Valor.

Meu vinho: Pesquisa do Château Margaux mostra que o material “saudável” ainda garante a melhor vedação.

“Doença da rolha” fomenta busca por alternativas à cortiça

É sempre constrangedor recusar garrafa de vinho em restaurantes, alegando que ele “não está bom”. A atitude pode ser vista como implicação do cliente, demonstração de poder ou tentativa de se mostrar um expert (conhecidos como “enochatos”). O assunto é delicado e requer educação e bom senso, em especial porque não são raros os casos de clientes inexperientes que confundem vinho estragado com o que não lhes agrada – assim como há aqueles que bebem os vinhos comprometidos sem nem perceberem. Embora a casa tenha a obrigação de servir o produto sem nenhum defeito, e trocá-lo se isso acontecer, nem sempre o profissional encarregado do serviço tem conhecimento e discernimento para confirmar que a garrafa está com problema. Espera-se ao menos que alguém no restaurante tenha.

Deixando de lado questões ligadas à conservação – não é necessariamente por culpa do restaurante, isso pode ter ocorrido antes da compra -, o que resultaria numa bebida em fase de declínio, com sinais de oxidação, ou a um defeito de vedação específico daquela garrafa, a expectativa é com relação ao defeito conhecido como “doença da rolha”, “bouchonné”, ou “corked” (derivação de bouchon e cork, traduções de rolha em francês e inglês, respectivamente). Caracteriza-se por um odor desagradável que lembra bolor ou pano molhado, identificável também na boca pelo gosto desagradável.

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