O Congresso Nacional de Psicanálise, Direito e Literatura é um evento peculiar. Nasceu da vontade de um grupo de pesquisadores em encontrar uma interseção entre essas três áreas do conhecimento e buscar profundas reflexões a partir de diferentes temas.

O I CONPDL apresenta alguns detalhes curiosos. Desconfiados do verdadeiro valor do design como fator importante para o sucesso de um projeto, os organizadores não estavam muito interessados em investir de forma sistêmica na divulgação do congresso.

Foi, então, que tive a oportunidade de colocar em prática uma ideia que já vinha maturando há tempos. O pagamento ficaria parcialmente condicionado ao número de inscritos no evento. Uma espécie de royalties sobre participantes. Arriscado. Mas deu muito certo. E nos deixou – clientes e eu – felizes e entusiasmados com a possível perenidade do CONPDL.

Sobre a execução em si do projeto, é importante ressaltar o desenvolvimento do selo. Inicialmente pensado apenas para o I CONPDL (por isso, a metáfora das aspas enquanto peixes), nos anos seguintes acabou sendo incorporado como assinatura oficial.

E o tema. Para traduzir o universo rosiano, a produção gráfica entrou em ação. Serigrafia – com tinta branca – sobre kraft em todas as peças. O cartaz, 66×96cm, ao mesmo tempo em que gerou cobiça (foi bastante disputado e sumia das paredes em dias), também trouxe alguns problemas para os organizadores. Em diversos lugares, foi proibido afixar a peça dada as suas dimensões amazônicas!

ESTÉTICA DA EXISTÊNCIA

O II CONPDL nasceu a partir das ideias de um autor que me é muito caro: Michel Foucault. Sob o mote da “Ética e Estética da Existência”, o congresso objetivava discutir “práticas refletidas e voluntárias das quais os homens não somente fixam regras de conduta, como também procuram se transformar, modificar-se em seu ser singular e fazer de sua vida uma obra que seja portadora de valores estéticos e responda a certos critérios de estilo”.

O Caleidoscópio surgiu como um representante dessa estética multifacetada, múltipla e em constante descobrimento. Da letra “E”, vários padrões foram criados, que deram uma tradução metafórica e imagética ao tema da edição do II CONPDL.

HOMEM. LOBO DO HOMEM.

Um tema complexo e pouco interessante no primeiro olhar: “Responsabilidade. Resposta.”, a partir do teórico Jean Laplanche. Em certo momento do briefing, surgiu o adágio “O homem é o lobo do homem”. Bastou para revelar a potencialidade da discussão, além de tornar o desafio instigante.

As manchas de Rorschach foram a inspiração para o desenvolvimento conceitual. Convite à contemplação e à associação, possibilitam a formulação de respostas a partir de nossas interpretações, colocando à prova as funções psíquicas de percepção, atenção, julgamento crítico, simbolização e linguagem.

Com notável ilustração do Guerrinha, propusemos o lobo, um lobo malvado, mas que não fosse capturado pelo voo de um simples olhar.