31º Prêmio Design Museu da Casa Brasileira

O ano de 2017 marcou minha participação e vitória em um dos prêmios mais tradicionais e importantes do design brasileiro. Acreditei em uma ideia, investi na sua execução e fui coroado na edição que, grata coincidência, ostenta o mesmo número do código de área de Belo Horizonte.

A proposta se materializa no cartaz em chapa de poliestireno amarela com corte especial e impresso em serigrafia a uma cor.

Pauta no protagonismo dos muros. Desde Trump e o muro mexicano, como o Walled Off Hotel, de Banksy, com vista para o da Cisjordânia. Ainda, a polêmica do prefeito de São Paulo, Doria, contra a pichação, reacendendo o debate sobre ocupação e expressão visual no espaço público.

Fiz uso do peso estêncil da família tipográfica Eames, da House Industries. Curioso notar que a Eames homenageia Charles e Ray Eames e honra o legado de dois dos principais designers de todos os tempos.

O cartaz evidencia seu recorte real, não simulado. Isso incrementa o impacto visual da peça gráfica, além de revelar a parede que o sustenta. Hibridiza ou mimetiza cada um dos espaços, tornando sua visualidade potencialmente única. O intenso amarelo da materialidade deixa patente um dos modos de demarcar a 31ª edição do Prêmio e, por que não, de nos reconhecermos brasileiros.


O prêmio

(Muitos dos textos aqui apresentados foram selecionados dos materiais de divulgação do próprio Museu da Casa Brasileira.)

O Prêmio Design MCB, principal e mais antiga premiação de design do país, deu início à primeira fase de sua 31ª edição com o Concurso do Cartaz. Com 362 inscrições, o trabalho vencedor tem autoria do designer gráfico Diego Rodrigues Belo, da AMO Design de Belo Horizonte (MG), que apresentou um cartaz em chapa de poliestireno amarela, recortado com faca especial e impresso em serigrafia a uma cor. A peça vai inspirar toda a identidade visual do 31º Prêmio Design MCB, realizado pelo Museu da Casa Brasileira, instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo.

Os cartazes foram avaliados pela comissão julgadora coordenada pela designer gráfica Priscila Lena Farias e os integrantes Baixo Ribeiro, Luiz Félix, Ronald Kapaz e Tadeu Costa. Além do vencedor, o júri também conferiu menção honrosa a dois trabalhos e selecionou outros cinco destaques para serem exibidos no Museu na exposição do 31º Prêmio Design MCB, com abertura dia 11 de novembro.

Foram recebidos cartazes de 14 estados do país. A participação se dividiu entre designers (136 inscritos), arquitetos (45), publicitários e diretores de arte (22), artistas (7), fotógrafos (4) e estudantes – 115 inscritos de mais de 40 instituições de ensino do país. Participantes de outras profissões somam 33 inscritos.


Os jurados

Texto do júri


O Concurso do Cartaz para o 31º Prêmio Design Museu da Casa Brasileira teve 362 inscritos em 2017. Reunida em uma tarde de outono, no terraço do Museu, a comissão julgadora destacou oito trabalhos, entre eles o cartaz premiado e duas menções honrosas. Os trabalhos destacados exprimem, de maneira exemplar, as diversas propostas recebidas este ano, estabelecendo diálogos com o ambiente urbano, com materiais e artefatos encontrados no dia-a-dia, com a atividade de selecionar e premiar, e explorando associações sugeridas pelo número desta edição do Prêmio.

O cartaz vencedor, de autoria do designer gráfico Diego Rodrigues Belo, da AMO Design (Belo Horizonte), é feito de poliestireno amarelo, com letras recortadas — uma ideia atual, e que traz uma provocação. A escolha levou em conta não apenas a peça, mas a possibilidade de ela ser usada como matriz para reprodução por meio do estêncil, em diferentes suportes, desde uma camiseta até em muros. O autor soube escolher uma fonte robusta, apropriada para a exploração desse recurso, e a aplicou de forma coerente. O resultado é bastante sóbrio, ao mesmo tempo em que evoca a visualidade fora de controle das ruas das grandes cidades. Outro aspecto valorizado pelo júri é que o cartaz proposto possibilita diversos desdobramentos, tais como a inserção de mensagens visuais em seus vazios, que podem ser explorados com diferentes fundos, estáticos ou em movimento, algo conveniente uma vez que a peça será o ponto de partida para a divulgação do Prêmio.

Os dois trabalhos que receberam menção honrosa seguem correntes contrastantes de linguagem gráfica —o minimalismo e o vernacular—, resultando em soluções que sugerem visões bastante diferentes sobre o Prêmio. A ideia de que a essência de todo concurso de design é ajustar o foco, refinar o olhar e ir depurando a visão em busca da excelência inspiradora é sugerida, de maneira elegante e com economia de recursos pela tabela para exames oftalmológicos proposta por Ilona Messenberg Szabo, jornalista residente em Bauru (SP). A sobreposição aparentemente caótica de mensagens, tipos e cores que encontramos na proposta do publicitário e artista plástico paulistano Franklin Silvério, por outro lado, evoca as intervenções do tempo e dos cidadãos às quais os cartazes estão sujeitos quando aplicados, replicados e substituídos no espaço da cidade —um cartaz que já nasce como retrato de seu destino futuro, e ao mesmo tempo aponta para a força da instituição que promove o Prêmio.

Entre os outros cinco trabalhos destacados pelo júri, encontramos propostas que se apoiam no uso bem resolvido, e eventualmente exclusivo, de letras, que fazem uso do humor, e que chamam a atenção para as qualidades táteis e interativas dos materiais e dos artefatos vernaculares. Este é o caso dos trabalhos de Gabriela Pagliusi Gennari e Tomás Stephan, alunos dos cursos de Arquitetura e Urbanismo e de Design da Universidade de São Paulo, e de Valquíria Lopes Rabelo, designer da empresa Guayabo, de Belo Horizonte (MG), que dão novo valor e significado a elementos comuns do dia-a-dia das cidades brasileiras, como o painel de avisos e o tapume de madeira. No jogo de ‘caçar palavras’ relacionadas às categorias do Prêmio, proposto pelo paulistano Daniel Marques, e no ‘calendário’ com retratos de escovas de dentes proposto por Jones Ishiki de Siqueira, Pedro Albuquerque Xavier e Rafael Ramón Paulino da empresa Neopop Branding & Design, de João Pessoa (PB), o convite à interação é conjugado com linguagem gráfica minimalista e rigorosa. Na proposta de Alan Montenegro, da Frila Comunicação & Design, de Curitiba (PR), a ideia de evocar graficamente esta edição específica do prêmio através de um elemento ‘encontrado’ foi resolvido pelo uso de uma peça de dominó, acompanhado por uma composição que remete ao “encaixe” que está na raiz do jogo e na harmonia procurada em todo produto de design.

A comissão selecionou, ainda, entre as inscrições que atendiam aos requisitos do regulamento, outros 152 trabalhos que representam a grande variedade de propostas enviadas, e que demonstram originalidade e competência na seleção e articulação de elementos visuais, para participarem da Mostra Concurso do Cartaz e concorrerem ao prêmio do público.


Agradecimentos

Um projeto tal qual o Prêmio Design Museu da Casa Brasileira demanda muitas cabeças pensantes, além de meses de planejamento e trabalho. Registro um muito obrigado para Meire Assami, Gerente do Prêmio MCB, juntamente a toda equipe do Museu. Souberam conduzir com maestria o processo. A minha distância não foi obstáculo, pois além da empatia, travei contato com um grupo dedicado no esforço para viabilizar o melhor trabalho possível.

Marcelo, da MAC Comunicação de Belo Horizonte, que soube com competência, técnica e comprometimento concretizar a produção dos protótipos dos cartazes.

As fotografias da premiação foram gentilmente cedidas pelo Museu da Casa Brasileira. Os créditos das fotos são de Vinicius Stasolla, Kazuo Kajihara, Eduardo Topal Marostica e Renato Parada.

(Projeto de 2017)